CAPÍTULO 6: APELO À AÇÃO

 
A crise da habitação em Portugal exige uma resposta colectiva e coordenada que vá para além das soluções governamentais tradicionais. Seria benéfico que os cidadãos assumissem um papel ativo na construção do futuro urbano que desejam, uma vez que os políticos podem não ser capazes de resolver sozinhos um problema tão complexo, dada a sua carga de trabalho frequentemente pesada e a falta de conhecimentos técnicos. Neste capítulo, sugerimos uma abordagem multidisciplinar e participativa para enfrentar os desafios da habitação, baseada em exemplos internacionais de sucesso e adaptada à realidade portuguesa.


6.1 O papel ativo dos cidadãos na transformação urbana


Está a tornar-se cada vez mais claro que os cidadãos têm um papel importante a desempenhar na transformação das cidades. Para que possam desempenhar esse papel de forma eficaz, é vital que estejam ativamente envolvidos no desenvolvimento das suas comunidades. A participação comunitária garante que as soluções adoptadas reflectem as necessidades locais, o que é essencial para a criação de ambientes urbanos sustentáveis. Existem já vários exemplos, como o orçamento participativo, que demonstram que o envolvimento dos cidadãos pode melhorar a gestão dos recursos e aumentar a transparência pública.


6.2 Necessidade de envolvimento coletivo


Os políticos, que muitas vezes têm de ocupar muito tempo e podem não ter os conhecimentos técnicos necessários, poderiam beneficiar muito com o contributo de peritos e da sociedade civil quando se trata de lidar com os desafios da habitação. Esta colaboração poderia aumentar a eficácia e a sustentabilidade das políticas públicas, garantindo que as soluções se baseiam em dados concretos e em práticas adaptadas à realidade local.


6.3 Formação de uma equipa multidisciplinar de especialistas


Seria benéfico considerar a formação de uma equipa de especialistas para apoiar o sucesso da regeneração urbana. Esta equipa poderia incluir arquitectos, engenheiros, advogados, economistas, sociólogos, ambientalistas e gestores públicos. Ao integrar estas disciplinas, poderá ser possível garantir que as soluções propostas são tecnicamente viáveis, legais, economicamente sustentáveis e socialmente inclusivas, com um claro enfoque na sustentabilidade.


6.4 Aprender com o exemplo de Estocolmo


Estocolmo constitui um excelente exemplo de sucesso, aplicando uma abordagem colaborativa e multidisciplinar através de um conselho consultivo constituído por peritos e representantes da comunidade. O empenho da cidade em integrar o feedback da comunidade e o aconselhamento de peritos demonstra como o envolvimento de várias partes interessadas pode conduzir a soluções urbanas mais eficazes e sustentáveis. A cidade implementou algumas soluções, incluindo a construção de habitação a preços acessíveis e a revitalização de zonas degradadas, que demonstram que a participação ativa dos cidadãos pode produzir resultados significativos.

6.5 Desenvolvimento de planos estratégicos e sua implementação


Seria benéfico para a equipa multidisciplinar desenvolver planos estratégicos abrangentes que incluam o diagnóstico das necessidades de habitação, a definição de objectivos e indicadores claros e a exploração de modelos de financiamento inovadores. A implementação de projectos-piloto poderia permitir que soluções de pequena escala fossem testadas e ajustadas antes de uma aplicação mais alargada.


6.6 Apelo à ação


É cada vez mais evidente que a crise da habitação exige a mobilização de todos os sectores da sociedade. Gostaríamos de incentivar os cidadãos a participarem em fóruns comunitários e iniciativas de orçamento participativo, onde podem colaborar com especialistas e autoridades para transformar edifícios devolutos em habitações condignas. Acreditamos que a ação colectiva e coordenada é essencial para revitalizar as cidades e melhorar a qualidade de vida.